quinta-feira, 12 de novembro de 2009

FAZENDA SÃO BERNARDINO

Considerado um dos mais belos e completos exemplares de fazenda colonial
no Rio de Janeiro (embora não seja tão antiga – data da segunda metade do século XIX), a Fazenda São Bernardino reunia em seu conjunto arquitetônico todos os detalhes que a fizeram ser tombada, por solicitação do prefeito Ricardo Xavier da Silveira, como patrimônio artístico e histórico pelo SPHAN, em 26 de fevereiro de1951.
Localizada dentro do território da Vila de Iguaçu, a mais próspera da
Província do Rio de Janeiro, a Fazenda São Bernardino é fruto indireto das
atividades econômicas de sucesso e da fortuna do Comendador Soares
(considerado, por sua forte influência política na Província, o restaurador da Vila de Iguaçu, vindo a ser presidente de sua Câmara Municipal diversas vezes), através de uma de suas sociedades, uma firma comercial com Jacinto Manoel de Souza e Melo. Uma das filhas do comendador – Cipriana Maria Soares – foi casada com um sobrinho de Jacinto Melo (Bernardino José de Souza e Melo, fundador da Fazenda São Bernardino) que passa a ser sócio do sogro em vários outros negócios de sucesso.
Tendo suas terras sido adquiridas a partir da década de 1860 (embora o
Comendador já possuísse o sítio Cachimbau a mais tempo), a Fazenda São
Bernardino era servida pela extinta Estrada de Ferro Rio D’Ouro que lhe cortava as terras na altura do citado sítio – havia uma parada em frente à fazenda e que era acessada através da alameda de palmeiras imperiais, das quais, parte ainda subsiste. Acredita-se que o planejamento e a construção da fazenda tenham sido iniciado na mesma década, tendo sua conclusão e inauguração em 1875.
A segunda metade do século XIX foi um tempo de muitas e rápidas
mudanças, em todos aspectos: político, econômico, social etc; a inauguração das vias férreas e o deslocamento do eixo econômico, as transferências da Matriz Paroquial e da Câmara Municipal para o Arraial de Maxambomba (atendido pela ferrovia), as febres, Lei dos Sexagenários, Lei do Ventre Livre e Abolição da Escravatura, Proclamação da República, entre outros. À Vila de Iguaçu era decretado o fim; a Fazenda São Bernardino, que estava compreendida dentro do seu território, perdia sua importância e passava a ser casa de campo e caça, já que sua produção não objetivava de todo fins comerciais, e sim, a produção de sustento da própria fazenda e das casas dos parentes dos proprietários, na então Vila de Iguaçu.
A fazenda, pouco usada, mas ainda em bom estado, foi vendida aos sócios
João Julião e Giácomo Gavazzi pelos herdeiros de Bernardino, em 1917. Gavazzi não a utilizou como residência e, sim, com fins de implantação de suas atividades econômicas –inicialmente a citricultura; assim promoveu violento corte nas florestas existentes na área, abriu uma estrada para passagem dos caminhões de lenha prejudicando, dessa forma, as bases de pedra e cal das cocheiras e abatendo algumas das palmeiras imperiais.
Em janeiro de 1940 o prefeito de Nova Iguaçu, Ricardo Xavier da Silveira, oficia ao SPHAN solicitando o tombamento da Fazenda São Bernardino. Somente em 1951 a fazenda é tombada como patrimônio histórico
e artístico.
Pouco restou da opulência de outrora. Segundo Waldick Pereira, o próprio
Gavazzi saqueou e vendeu quase tudo que havia no conjunto. Em meados da
década de 1980 ocorre o golpe final da história da São Bernardino: um incêndio suspeito terminou por arruinar o pouco que restara da fazenda, que já havia sido saqueada e abandonada aos rigores do tempo e do clima.

sábado, 7 de novembro de 2009

Freguesia de Sanatana das Palmeiras


Nova Iguaçú que teve um papel importante no desenvolvimento do Rio de Janeiro. Aqui existe ainda algumas ruínas que, ao serem visitadas nos remetem de volta ao passado de glória do município.



Vou começar falando da Freguesia de Santana das Palmeiras:

Santana da Palmeiras foi uma próspera Freguesia que existiu às margens da Estrada do Comércio, na Serra do Tinguá e, que foi abandonada no final do século XIX.
Atualmente as ruínas encontram-se dentro da Reserva Biológica do Tinguá, em local de acesso proibido a visitantes. O local era passagem obrigatória de quem subia a serra com destino ao porto de Ubá (atual Andrade Pinto, distrito de Vassouras), às margens do rio Paraíba do Sul, de onde se podia continuar para Minas Gerais e Goiás.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

História e Histórias de Nova Iguaçú

Após a divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias, as terras que hoje constituem o Município de Nova Iguaçu, ficaram por muito tempo relegadas ao completo abandono.

Foi depois de 1566 que se registrou na região a existência de sesmarias, as quais, com o correr dos anos, se foram modificando e concorrendo, desse modo, para a gradativa colonização dessa zona da Baixada Fluminense, em torno dos rios, especialmente do Iguaçu.

Com o aumento da população, surgiram várias freguesias, destacando-se a de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu - também conhecida como Nossa Senhora da Piedade do Caminho Velho -, cuja criação data de 1719.

A prosperidade agrícola da região vem dos tempos em que foram concedidas as primeiras sesmarias. Os cursos fluviais existentes, não só fertilizavam as terras, como também serviam de via de comunicação com a Cidade do Rio de Janeiro, para onde se escoava a produção.

Cultivavam-se extensas áreas, que produziam quantidades consideráveis de arroz, feijão, mandioca e principalmente cana-de-açúcar.

O café, cuja cultura se tentou introduzir na região, não deu os resultados esperados, o que redundou no abandono do plantio.

Situada à margem do rio Iguaçu, a sede da vila prosperou bastante, chegou a tornar-se um dos empórios da Cidade do Rio de Janeiro, fazendo chegar seus produtos por via fluvial ou terrestre.

O progresso da região levou o Governo a conceder-lhe autonomia, efetivada por Decreto de 15 de janeiro de 1833. A Vila instalou-se a 27 de julho do mesmo ano.

A decadência, que se verificou a partir da segunda metade do século XIX, na localidade de Iguaçu, decorreu, paradoxalmente, das inovações progressistas introduzidas no território fluminense.

As Cidades, Vilas, povoações surgem da noite para o dia ao longo das estradas, enquanto localidades antiqüíssimas desaparecem rapidamente.

Tão logo se iniciou o tráfego da Estrada de Ferro D. Pedro II, atual Central do Brasil, verificou-se o abandono da via fluvial, que determinou o desvio da zona da influência comercial e agrícola para as bordas orientais do Município.

Entre as localidades que surgiram à margem da via férrea, tomou rápido impulso a denominada Vila de Maxambomba, para onde, a 1.º de maio de 1891, se transferiu a sede do Município.

Ainda no mesmo ano, a 19 de junho, o Decreto n.º 263 elevava a Vila à categoria de Cidade.

Somente em 9 de novembro de 1916 teve seu nome mudado para Nova Iguaçu.